sexta-feira, março 10, 2006

“Coisa Ruim” (2006), Tiago Guedes/Frederico Serra



Vens-me buscar Ismael?

Uma família de Lisboa herda uma casa no interior de Portugal e decide mudar completamente de vida ao ir viver para lá.
O que esta família citadina ignora é que a população da aldeia conhece a história daquela casa e todo o mistério e maldições que nela habitam.
As crendices e superstições dos habitantes da aldeia começam a preocupar os pais desta família enquanto os filhos têm visões das três crianças que foram assassinadas pelo antepassado que era dono daquela mansão.

“Coisa Ruim” foi escrito pelo jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho que se inspirou nos vários mitos e lendas de um Portugal profundo que, ainda hoje, coabita com cultos religiosos de origem cristã e pagã.
O suspense do filme vive sobretudo daquilo que não é contado explicitamente mas sim pelas pequenas alusões que nos levam a tirar determinadas conclusões.
Não sendo um filme de terror, “Coisa Ruim” procura provocar-nos medo de outras formas: a existência do Diabo em qualquer um de nós é uma das considerações em que se baseia este filme.

"Coisa ruim" é um filme bastante sombrio e onde aquilo que fica por dizer e mostrar mete, definitivamente, mais medo do que aquilo que é apresentado.
Os dois actores principais (Adriano Luz e Manuela Couto) têm um desempenho muitíssimo convincente e emotivo.
Um marco importante no cinema português que não tem ainda grande tradição no género do fantástico.

* * *

4 comentários:

Anónimo disse...

Mas com um filme destes poderá, porventura, vir a ter!

"Ismael?
Bens-me buscare Ismael?!"

M. disse...

Olha gostei bastante =) nunca pensei que fosse bom como é.. ainda desconfio dos filmes que por cá se fazem..
Acho que Alice e Coisa Ruim fazem pensar que " nem tudo está perdido" e ainda vai valendo a pena ir ver os tugas no grande ecrã.
Beijinhos.

Anónimo disse...

Sempre acreditei no cinema português. E quando pensava que andávamos a cair no facilitismo das gajas nuas, das drogas e das caras conhecidas, "Coisa Ruim" foi uma luz ao fundo do túnel. É, para mim, a prova de que se se acreditar mesmo numa ideia e se se lutar por ela até ao fim, consegue-se fazer um bom filme.
Pelo argumento, pela lindíssmia fotografia, pelos excelentes actores (de salientar Adriano Luz, o pai, Afonso Pimentel, o puto mais velho e ainda o velhadas que faz de padre), pelos valentes sustos que ainda nos prega (sem ser preciso recorrer a truques sonoros iguais aos dos filmes de "terror" americanos), pela breve recriação histórica credível, por ser muito fiel ao Portugal nortenho esquecido (aquelas beatas a sussurar as orações são figuração muito bem conseguida e talvez o mais assustador de todo o filme), pelos diálogos ricos, pela capacidade de nos tocar cá dentro e mexer com o que é comum a cépticos e crentes (lato sensu) e , por fim, por ser de cá da terra...
Merecia mais uma estrelinha, Joaninha!

(Enfim, só para dizer que foi dos filmes que mais gozo me deu ver. Fiquei contente. Prevejo bons tempos para o cinema português).

Um beijinho

Unknown disse...

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