“Funeral” (2005), Arcade Fire
O quinteto maravilha
Muito se tem falado e escrito sobre os Arcade Fire, banda formada no Canadá em 2003.
Em várias publicações de música o seu primeiro álbum, “Funeral”, é referido como a grande coqueluche e obra-prima de 2005 (apesar do álbum ser datado de 2004, ano em que saiu nos Estados Unidos e Canadá).
De facto, todos os elogios tecidos ao primeiro disco desta banda não são em nada exagerados. “Funeral” é uma lufada de ar fresco, uma obra trabalhada minuciosamente onde todos os pormenores contam (e ouvem-se).
Chamar os Arcade Fire de banda indie rock é estar a limitar e desprezar todas as outras categorias que neles sentimos haver uma ligação. O melhor é nem sequer os catalogar uma vez que as suas músicas são de tal maneira bem construídas e complexas que podemos escutar influências de variadíssimos géneros musicais. Há ressonâncias de indie rock, de facto, mas também de um rock experimental, de um pós-punk, de um rock clássico ávido de guitarras e de uma fortíssima componente clássica (sentida nos violinos e pianos, por exemplo).
“Funeral” foi buscar o nome ao luto pelo qual a banda passou e a sua música transmite toda a ideia de purificação e exteriorização da dor. Repleto de pequenas preciosidades ora cantadas por Win Butler, ora pela sua esposa Régine Chassagne, “Funeral” é um disco em que cada música tem o seu toque especial e único.
Se “Neighborhood #2 (Laïka)” nos parece surgir com emergência e desespero, já a música seguinte, “Une année sans lumière”, é mais calma e soturna. O ritmo ganha de novo força na frenética “Neighborhood #3 (Power out)”e em “Wake Up” vemos uns Arcade Fire mais rock e seguros que nunca, numa música que muda completamente de estrutura a partir de meio.
Depois surgem-nos “Haiti” e “Backseat”, cantadas no feminino com uma doçura e calma incríveis que em tudo fazem contraste com a voz sofrida e emotiva de Win Butler.
Por último, de referir a melhor música de todas: “Rebellion (Lies)”. Apaixonante e cativante nos seus 5minutos, estamos perante umas das mais belas músicas que tive o prazer de ouvir nos últimos tempos.
Os Arcade Fire são das melhores coisas (ou mesmo a melhor) que este ano de 2005 nos ofereceu, disso não há dúvida nenhuma.
10/10
8 comentários:
Que claras e belas palavras extraíste do teu pensamento, vertendo-as para o mundo cibernético para que eu (e os demais) possam ter uma visão mais aberta sobre a música que este álbum nos faz sentir!
Excelente nota atribúida. Eu não daria mais!
Amt*:P
É um bom disco, mas não compreendo o hype. Gosto moderadamente...6/10
É um excelente disco, na minha opinião não tanto 10/10 mas sim lá mais para os lados de um 7/10.Rebellion(lies) já me machuca os ouvidos de tantas vezes ter utilizado o repeat.Não tenho só a certeza de que "Funeral" seja de 2005 acho que é do ano passado.Album do momento Antics - Interpol
júlio:eu sei que tal como eu adoras este álbum ;) ***
gonn1000: eu compreendo perfeitamente o hype uma vez que os Arcade Fire deram algo de diferente à música e não procuraram só seguir certas tendências.
pedro correia: o álbum saiu em 2004 nos Estados Unidos e Canadá mas só chegou à Europa em 2005 :)
Interpol também é muito bom!
O melhor disco do ano, são a melhor coisa que apareceu nos últimos anos, eu amo este disco que é já um dos discos da minha vida..e por gostar tanto tanto dele é que até hoje ainda não consegui escrever nada sobre ele...
ó gonn1000: só 6/10??? Não achas que merece no mínimo um 8/10?? ouve bem...mas cada um com os seus gostos...
um dos grupos favoritos do ano
Eu, que nem sou nada dado ao género dos arcade fire, achei o disco muito bom. Até acho que te cheguei a dizer isso joaninha...Anyway, realmente é daquele tipo de disco que, mesmo que um gajo queira dizer mal, não pode porque ele ultrapassa qualquer barreira crítica. Não o achei genial, nem nada do género, mas ouve-se bem, é diferente de muita coisa(pronto não disse "porcaria") indie, ou seja lá o que for, que anda por aí aos pulos embalada em caminha de ouro. Os arcade fire ao menos quiseram fugir a tudo e conseguiram.
Não é é o meu cup of tea. Daria um 7/10 maybe.
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