domingo, novembro 27, 2005

“On danse” – 26 Novembro, Culturgest



A dança é feita de contrastes

Os coreógrafos José Montalvo e Dominique Hervieu trouxeram a Portugal o espectáculo “On Dance” que já percorreu variados países da Europa.
Para este bailado foram buscar a ópera barroca “Les Paladins” de Jean-Philippe Rameau e conceberam um espectáculo que pretende recriar o mundo do século das luzes e toda a extravagância e libertinagem que se vivia nas cortes do palácio de Versailles.

Peça para 17 intérpretes masculinos e femininos, “On Dance” é um espectáculo que concilia muitos estilos de dança como o hip-hop, flamenco, ballet clássico e moderno e danças africanas.
Dois enormes ecrãs faziam de cenário, cenário este não apenas decorativo mas sim com uma importância bastante relevante e enriquecedora para a encenação.
Além de um mero espectáculo de dança, “On dance” é também uma divertida e bastante original visão do universo francês do século XVIII onde a imaginação e a fantasia imperam.

“Ferro 3/Bin-jip” (2005), Kim Ki-duk



Um amor (in)visível


“Ferro 3/Bin-jip” não é uma história de amor convencional. É antes um olhar terno e mágico sobre o amor que existe entre dois seres que à partida são completamente estranhos.
Mais um belíssimo filme que nos chega de terras orientais.

Tae-Suk (Jae Hee) é um jovem que distribui panfletos de porta em porta e que aproveita o facto dos residentes não estarem em casa para aí ficar a viver momentaneamente. Mas Tae-Suk não é um ladrão, muito pelo contrário: o jovem arruma a casa, lava a roupa e arranja qualquer objecto que se encontre estragado.
Numa dessas visitas a casas de estranho, encontra uma mulher, Sun-hwa (Lee Seung-yeon), que é mal tratada pelo marido e que no seu olhar sofredor pede a Tae-Suk que a salve.
Os dois apaixonam-se e começam a (re)fazer as suas vidas em conjunto ao mesmo tempo que o marido de Sun-hwa a procura.

Este é um filme onde o silêncio impera e, por essa mesma razão, a força das imagens fala por si.
A relação destes dois seres que mal se conhecem e que nem sequer falam um com o outro é quase, se não mesmo, fantasmagórica. As suas trocas de olhares, os seus gestos e as suas atitudes são a linguagem que estas duas pessoas criaram para comunicarem uma com a outra. Porque descobriram que é assim, sem palavras, que o seu amor se consegue expressar.
A segunda metade do filme é bastante diferente da primeira pois vemos a transformação que ocorre em Tae-Suk quando este está na prisão. A "desmaterialização" progressiva do seu corpo para poder amar Sun-hwa é das ideias mais românticas que surgiram no cinema nos últimos tempos.

“Ferro 3/Bin-jip” é um filme de uma beleza tocante e sensível, onde cada imagem nos oferece uma contemplação mágica do amor.

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sexta-feira, novembro 25, 2005

Concerto Coldplay + Goldfrapp – Pav.Atlântico, 23 Novembro 2005

Lógica certa, fórmula Coldplay

São raras as vezes que temos a oportunidade de ver duas grandes bandas num único concerto.
Por sorte, a “Twisted Logic Tour”, que mais uma vez trouxe os consagrados Coldplay ao nosso país, presenteou-nos com uma primeira parte de luxo: os Goldfrapp.

Com um álbum recente para nos apresentar, Alisson Goldfrapp e Will Gregory tiveram a tarefa ingrata de abrir um concerto para outra banda.
Com uma discografia ainda razoavelmente pequena mas cheia de pequenas pérolas, os Goldfrapp já são uma das bandas mais interessantes e originais dos tempos que correm e, por isso mesmo, é algo ingrato terem que fazer a primeira parte de um concerto de quem quer que seja.
Apesar da voz de Alisson estar mais sexy e esplêndida que nunca, dos efeitos das luzes e da energia das músicas, o público não se mostrou muito receptivo uma vez que estava impaciente para ver os Coldplay subir ao palco.
Mesmo assim, os Goldfrapp deram um belíssimo mini-concerto no qual pudemos ouvir maioritariamente músicas do último “Supernature” mas por onde passaram também as mais antigas “Strict Machine”, “Black Cherry” e “Train”.
A despedida coube a “Ooh la la”, a música que parece ter desperte mais interesse na audiência.



Depois de um atraso devido a problemas técnicos, “Square One” deu o pontapé de saída para o regresso dos Coldplay ao recinto que já em 2003 os recebera.
Chris Martin e restante banda estão melhor do que nunca em palco, muito mais soltos e dinâmicos. Aliás, Chris Martin já não se agarra tanto ao piano mas vai percorrendo todo o palco e arredores enquanto canta.
Um enorme ecrã curvo servia de cenário, bem como um fabuloso jogo de luzes.
O público vibrou, cantou e entrou em histeria ao longo de 1h30 de actuação por onde passaram já os clássicos “Yellow”, “In my place”, “The scientist”, “Clocks” e as mais recentes “Talk”, “Speed of Sound” e “Til kingdom come”.
O momento mais alto foi no final, em honras de encore: “Fix you”, maravilhosamente interpretada por Chris Martin mas também pelo público.
Apesar de ter sido um concerto cheio de pontos altos com uma banda cada vez mais profissional e entregue ao público, parece que algo faltou. Talvez a escolha do alinhamento tenha pecado por não incluir mais músicas do primeiro álbum da banda, “Parachutes”.
Foi bom mas o concerto de 2003 foi ainda melhor.

terça-feira, novembro 22, 2005

“Deuce Bigalow: european gigolo” (2005), Mike Bigelow



For the women of Europe...The price of love just got a lot cheaper.

Em 1997 estreou um filme que, em tons de comédia, retratava o dia-a-dia de um gigolo profissional. Em 2005 esse mesmo profissional do sexo volta às salas de cinema no que é, muito provavelmente, o filme mais parvinho do ano.

Deuce Bigalow (Rob Schneider) vai para Amesterdão ao encontro do seu antigo chulo T.J. Hicks (Eddie Griffin). A situação não está fácil para os gigolos uma vez que um assassino em série percorre as ruas da cidade, semeando o terror e o medo entre os profissionais do sexo.
Deuce tem então que voltar à sua velha profissão para tentar limpar o nome do seu amigo que é o suspeito preferido da polícia.

Como seria de esperar, este filme é uma autêntica parvoíce do princípio ao fim.
Lá por estarmos perante uma comédia, isso não implica que as piadas tenham que ser todas escatológicas e de facílima compreensão. Não há uma única piada inteligente neste filme, o que não deixa de ser espantoso.

Rob Schneider está igual a ele mesmo, o que não pode ser nenhum elogio.
Se quisermos ver um ponto positivo neste “Deuce Bigalow: european gigolo”, a parte da belíssima Amesterdão é um mimo (apesar de ser retratada apenas como uma cidade que vive somente do sexo e das drogas leves, o que é mentira).

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segunda-feira, novembro 21, 2005

Concerto Sigur Rós - Coliseu de Lisboa, 20 Novembro 2005



O quebrar do gelo

A noite de ontem, dia 20 de Novembro, por muitos era aguardada com grande expectativa. Para uns era um reencontro com uma banda que há uns anos pisara o mesmo Coliseu, para outros, como eu, era a primeira experiência ao vivo do universo dos Sigur Rós.

A primeira parte do concerto esteve a cargo de quatro raparigas conterrâneas da banda principal, as Amina. Com instrumentos tão originais como caixinhas de músicas, violinos, serrotes, pianos, cordas, copos, etc, a banda foi uma agradável surpresa para quem as ouviu. As suas melodias doces e surpreendentes foram como um aperitivo para a música que se seguiria.

Os Sigur Rós entraram em palco e através das suas sombras ouvimo-los e vimo-los a tocar “Glósóli”, a faixa de abertura do último álbum.
Com jogos de luzes fantásticos que mudavam a cada de música e com um ecrã que passava de tempos a tempos imagens tão enigmáticas como a própria música, os Sigur Rós fizeram com que toda a audiência ficasse rendida às suas melodias densas, idílicas e originais.

A voz do vocalista Jónsi Birgisson é surpreendentemente arrepiante ao vivo e parece entrar nos ouvidos e mexer com todos os nossos sentidos.
Se aquelas músicas já quando ouvidas em cd no conforto das nossa casas têm a capacidade de nos fazer sentir e sonhar, ao vivo as emoções são ainda maiores.

O repertório do concerto centrou-se sobretudo em músicas do recente “Takk” mas o encore foi deixado a cargo da poderosíssima “Untitled #8”, música que encerra o álbum “ ( )” .

O concerto foi tão bom ou melhor do que se esperava. Os Sigur Rós consagraram-se de vez entre nós e o seu profissionalismo e alma sentem-se nas suas músicas que ao vivo ganham uma aura ainda maior e mais misteriosa.
Os Sigur Rós e as Amina (que aliás tocaram com eles) vieram ao palco agradecer duas vezes. Mas somos nós que lhes temos de agradecer por nos darem momentos e músicas tão especiais com a capacidade de nos hipnotizar. Takk.

sexta-feira, novembro 18, 2005

“Arsène Lupin” (2004), Jean-Paul Salomé



Détourner l'attention, voilà la clé. Si tu t'en rappelles, personne ne t'arrêtera jamais.

Baseado nos livros policiais de Maurice Leblanc, “Arsène Lupin” conta-nos a história de um ladrão que usa o seu charme e sedução para por os seus golpes de larápio em prática. Especializado em roubar jóias das aristocratas parisienses, Arsène (Romain Duris) passa a dedicar-se a roubos mais grandiosos após conhecer a misteriosa e perversa condessa Joséphine (Kristin Scott Thomas). Com a ajuda desta, os dois mergulham num mundo de aventuras com o intuito de descobrirem o tesouro perdido dos reis de França.

“Arsène Lupin” é um filme de acção e aventuras, bem ao estilo de um James Bond. Mas enquanto é aceitável um James Bond recorrer a modernices e a efeitos especiais, num filme que é suposto retratar o século XIX, como neste caso, estes apetrechos modernos tornam-se ridículos e despropositados.
Também a história do filme não é muito coerente, parecendo que faltam certas ligações para percebermos melhor determinados pormenores do enredo.

As interpretações de Romain Duris (que parece estar na moda) e Kristin Scott Thomas tornam o filme um bocadinho melhor mas não o conseguem salvar.
Um ponto positivo vai também para os cenários e guarda-roupa que recriam a “Belle Époque” minuciosamente.

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quinta-feira, novembro 17, 2005

“Fligthplan” (2005), Robert Schwentke



Have you seen my daughter?

Num voo entre Berlim e Nova Iorque, Kyle (Jodie Foster) perde o rasto da sua filha e poucas provas restam quanto ao paradeiro da criança. Emocionalmente destabilizada por causa da morte inesperada do marido, Kyle tenta a todo o custa descobrir a sua filha mesmo que para isso passe por louca. Na realidade, toda a tripulação e passageiros do voo afirmam não ter visto a criança e que esta não chegou sequer a embarcar no avião. Mas não é por isso que Kyle desanima e desiste de encontrar a sua filha.

À semelhança de “Panic Room” de David Fincher, protagonizado também por Jodie Foster, neste “Fligthplan” vemos uma mãe a tentar desesperadamente salvar a sua filha num espaço fechado e circunscrito.
Tal como “Red Eye” (deste ano também), o próprio local onde o thriller se desenrola é como que uma personagem que enclausura as restantes.

Em “Fligthplan” temos uma Jodie Foster regressada após três anos de ausência nas lides cinematográficas, ausência essa que não se faz sentir no seu esforçado e conseguido desempenho.
A premissa do filme até é interessante e cria no espectador uma imensa expectativa quanto ao real local onde a criança se encontra (se é que esta existe realmente e não é fruto da imaginação da mãe). Mas de resto aqui encontramos todos os clichés deste género de filmes e o final é demasiado artificial e rebuscado.

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quarta-feira, novembro 16, 2005

“Funeral” (2005), Arcade Fire



O quinteto maravilha

Muito se tem falado e escrito sobre os Arcade Fire, banda formada no Canadá em 2003.
Em várias publicações de música o seu primeiro álbum, “Funeral”, é referido como a grande coqueluche e obra-prima de 2005 (apesar do álbum ser datado de 2004, ano em que saiu nos Estados Unidos e Canadá).
De facto, todos os elogios tecidos ao primeiro disco desta banda não são em nada exagerados. “Funeral” é uma lufada de ar fresco, uma obra trabalhada minuciosamente onde todos os pormenores contam (e ouvem-se).

Chamar os Arcade Fire de banda indie rock é estar a limitar e desprezar todas as outras categorias que neles sentimos haver uma ligação. O melhor é nem sequer os catalogar uma vez que as suas músicas são de tal maneira bem construídas e complexas que podemos escutar influências de variadíssimos géneros musicais. Há ressonâncias de indie rock, de facto, mas também de um rock experimental, de um pós-punk, de um rock clássico ávido de guitarras e de uma fortíssima componente clássica (sentida nos violinos e pianos, por exemplo).

“Funeral” foi buscar o nome ao luto pelo qual a banda passou e a sua música transmite toda a ideia de purificação e exteriorização da dor. Repleto de pequenas preciosidades ora cantadas por Win Butler, ora pela sua esposa Régine Chassagne, “Funeral” é um disco em que cada música tem o seu toque especial e único.

Se “Neighborhood #2 (Laïka)” nos parece surgir com emergência e desespero, já a música seguinte, “Une année sans lumière”, é mais calma e soturna. O ritmo ganha de novo força na frenética “Neighborhood #3 (Power out)”e em “Wake Up” vemos uns Arcade Fire mais rock e seguros que nunca, numa música que muda completamente de estrutura a partir de meio.
Depois surgem-nos “Haiti” e “Backseat”, cantadas no feminino com uma doçura e calma incríveis que em tudo fazem contraste com a voz sofrida e emotiva de Win Butler.
Por último, de referir a melhor música de todas: “Rebellion (Lies)”. Apaixonante e cativante nos seus 5minutos, estamos perante umas das mais belas músicas que tive o prazer de ouvir nos últimos tempos.

Os Arcade Fire são das melhores coisas (ou mesmo a melhor) que este ano de 2005 nos ofereceu, disso não há dúvida nenhuma.

10/10

segunda-feira, novembro 14, 2005

“Elizabethtown” (2005), Cameron Crowe



I don't know a lot about everything, but I do know a lot about the part of everything that I know, which is people.

À semelhança de “Garden State” (um dos melhores filmes do ano, já agora) “Elizabethtown” embarca-nos na viagem que um indivíduo realiza até à sua terra natal por motivos poucos felizes: a morte de um parente próximo, neste caso do pai. É nesta viagem que esta personagem pensa em todo o seu percurso e redescobre os pequenos prazeres da vida que julgava ter perdido. No regresso às raízes, a descoberta da felicidade.

Drew Baylor (Orlando Bloom) é um designer de calçado desportivo que de um momento para o outro é despedido após ter causado um enorme prejuízo na empresa onde trabalha.
Mergulhado numa depressão para a qual só o suicídio lhe parece ser o único remédio, Drew começa a pensar que a sua vida já não faz sentido pois sente-se um fracasso a todos os níveis.
O seu projecto de suicídio não corre como imaginava pois recebe a inesperada notícia da morte do pai, notícia esta que o obriga ir até Elizabethtown (Kentuchy) tratar do funeral.
Na viagem conhece a hospedeira Claire (Kirsten Dunst) que vai mudar por completo a sua maneira de ver e viver a vida.

O que desde logo nos cativa neste filme é que aqui as personagens parecem ser reais e bastante humanas: deprimidas ou alegres, suicidas ou com uma enorme vontade de viver.
Da ideia desesperada do suicídio e do fim sem retorno, Drew muda a sua maneira de ver as coisas após conhecer Claire e após rever a sua família.
Claire ensina-lhe a sentir os prazeres das pequenas coisas da vida como por exemplo em pegar no carro e fazer uma road-trip desenfreada ao som de uma banda sonora escolhida a dedo.
É a partir destes pequenos momentos de felicidade que Drew se anima e se apercebe que um falhanço não tem (nem pode) destruir-lhe por completo a vida.

Porque são pessoas como nós, porque Kirsten Dunst está belíssima e juvenil como nunca, porque a Susan Sarandon faz um hilariante e emotivo discurso no final do filme e porque Cameron Crowe soube captar todas as pequeninas coisas que fazem parte da nossa vida, “Elizabethtown” é um filme para descobrir e sentir.

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domingo, novembro 13, 2005

“In her shoes” (2005), Curtis Hanson



Shoes like this should not be locked up in a closet! You should be living a life of scandal.

Maggie (Cameron Diaz) e Rose (Toni Collette) são duas irmãs que em comum só têm o número de sapatos que calçam. Uma é loira, burra e jeitosa, a outra é uma advogada de sucesso, inteligente e sem grande sorte no amor. A relação das duas azeda quando Maggie rouba o namorado à irmã e esta a expulsa de sua casa. É então que Maggie decide ir ter com a avó desaparecida (Shirley MacLaine) e percebe que a sua vida sem a irmã não faz sentido nenhum.

Do realizador de “8 Mile” e “L.A Confidential”, “In her shoes” parece ser à primeira vista uma comédia levezinha mas no entanto é um filme melodramático sobre a relação destas duas irmãs que, apesar das desavenças superficiais, não conseguem viver uma sem a outra.

Sem grande interesse excepcional a nível de argumento e chatinho à medida que se vai desenrolando, este “In her shoes” não nos fica na memória. Tem umas cenas engraçadas (principalmente as passadas na comunidade da terceira idade) e umas interpretações à medida do filme.

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sexta-feira, novembro 11, 2005

“The constant gardener” (2005), Fernando Meirelles



It's like it's a marriage of convenience and all it produces are dead offspring.

Baseado no romance homónimo de John Le Carré e realizado por Fernando Meirelles (“Cidade de Deus”), “The constant gardener” é um filme sobre o amor, sobre a busca da verdade e sobre o abuso do poder.

No Quénia, a esposa de um diplomata é brutalmente assassinada juntamente com um médico local. Abalado com a inesperada notícia, Justin Quayle (Ralph Fiennes), embarca numa perigosa e alucinante viagem para desvendar os mistérios da morte da sua mulher, Tessa Quayle (Rachel Weisz).

“The constant gardener” é, antes de mais, um thriller político que levanta inúmeras questões sobre o poder. Aqui é retratado o abuso e exploração de uma indústria farmacêutica para com pessoas sem meios e sem condições que nela confiam e julgam ver alguma esperança.
É esta injustiça social e humana que Tessa Quayle investiga e deseja desmascarar. Mas a “perigosa” activista é estrategicamente aniquilada com o objectivo das suas investigações permaneceram em puro segredo.
Quando a esposa morre, Justin além de querer limpar o nome da sua mulher (dita como infiel) e descobrir quem a matou, pretende antes de tudo continuar o trabalho dela e revelar ao mundo as suas espantosas e chocantes descobertas.

Todo este enredo de thriller pode ser visto como um pretexto da história de amor que está subjacente no filme. Em variados flashbacks vamos percebendo a história de amor entre estes dois seres tão díspares (ele tímido e pacato, ela exuberante e expansiva).
Ao continuar o trabalho que a sua mulher deixou inacabado, Justin acaba por provar o seu grande amor por Tessa.

Não posso deixar de referir a espantosa interpretação de um dos melhores actores da actualidade, Ralph Fiennes, e a realização crua do brasileiro Fernando Meirelles, vencedor de um Óscar para o seu anterior filme “Cidade de Deus”.

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sábado, novembro 05, 2005

European Music Awards em Portugal



Chuva de estrelas

Esta quinta-feira (dia 3 de Novembro) foram atribuídos em Portugal pela primeira vez os prémios Europeus da MTV.
Como seria de esperar dum espectáculo desta envergadura e com milhões de espectadores de todo o mundo, não faltou o glamour e a “chuva de estrelas” habituais (mesmo que em doses mais contidas do habitual).

A abertura da cerimónia esteve a cargo da “rock queen” (como viria a ser chamada mais tarde por Bob Geldof) Madonna que nos apresentou em primeira-mão o seu novo single “Hung Up”. Saindo duma gigantesca bola de espelhos com os seus bailarinos, Madonna aqueceu desde logo o pavilhão que gritava a plenos pulmões a já conhecida letra da nova música. Vestida de maillot, casaco e botas roxas bem ao estilo dos anos 70, Madonna dançou e cantou de forma enérgica, metendo inveja a qualquer sua pseudo-seguidora.

A partir desta actuação de luxo, os prémios foram perdendo o interesse.
As piadas de Borat não tinham na realidade piada nenhuma, os vencedores não foram sempre justos (como seria de esperar) e as actuações em geral não cativaram por aí além.
De realçar a original prestação dos Gorillaz, a banda virtual que “actuou” segundo a forma de hologramas, e dos Foo Fighters com um excelente jogo de luzes e lasers (que só quem lá esteve viu todo o impacto pois na TV não teve nem metade do efeito).

Com total injustiça bandas como os Kaiser Chiefs, Franz Ferdinand ou Goldfrapp foram totalmente ignoradas, mantendo este espírito de música plástica virada para as massas (juvenis na maioria) que a MTV continua a impor.
Também é importante referir que nenhuma banda portuguesa foi convidada a actuar na cerimónia...

Aqui fica a lista dos vencedores da noite:

Best Album: Green Day "American Idiot"
Best Pop: Black Eyed Peas
Best Hip Hop: Snoop Dogg
Best Rock: Green Day
Best Alternative: System Of A Down
Best R&B: Alicia Keys
Best Video: Chemical Brothers "Believe"
Best Female: Shakira
Best Male: Robbie Williams
Best New Act: James Blunt
Best Song: Coldplay "Speed Of Sound"
Best Portuguese: The Gift
Best Group: Gorillaz