terça-feira, fevereiro 28, 2006

“Va, vis et deviens” (2006), Radu Mihaileanu



Êxodo

Em 1984 milhares de judeus etíopes foram levados para Israel com a finalidade de escaparem da fome e miséria que abundava no seu país.
Salomon é enviado pela sua mãe católica a embarcar nesta viagem pois esta é a única maneira do seu filho sobreviver, apesar de ter que mentir sobre a sua crença religiosa e origem.
Chegado a Israel, Salomon passa a chamar-se Schlomo e é adoptado por uma família de esquerda que desconhece a verdadeira religião da criança e a existência da sua mãe.
Ao longo do seu crescimento, Schlomo vive atormentado com o seu passado triste, com a mãe que deixou para trás e com o racismo com o qual acaba por ser vítima. A única esperança deste jovem é um dia poder voltar a ver a sua verdadeira mãe.

“Va, vis et deviens” é uma lição de vida, uma visão da esperança e da determinação de alguém que, para ser salvo, teve que esconder todo um passado.
Mas o crescimento de Schlomo (que acompanhamos em três fases e por três actores diferentes) não reside unicamente no facto de este ter sido enviado para Israel para fugir de um futuro precário quando era ainda uma criança: reside sim em tudo o que ele vai ter de aprender sobre a vida e a sobrevivência no seu novo país. Visto como um intruso e um estranho, este rapaz agarra-se ao seu desejo íntimo de reencontrar a mãe para ganhar as forças necessárias que o vão tornar num ser humano superior.

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domingo, fevereiro 26, 2006

Colectânea Massive Attack

O tão esperado best of dos Massive Attack é editado dia 27 de Março e a edição especial conta com dois discos (um com os grandes êxitos e outro com as raridades e b-sides) mais um dvd com videografia e alguns temas ao vivo.
O novo e sombrio single da banda de Bristol já pode ser visto e ouvido no blog

  • Planeta Pop

  • Aqui fica o alinhamento completo de “Collected”:

    Disco 1:
    "Safe From Harm"
    "Karmacoma"
    "Angel""Teardrop"
    "Intertia Creeps"
    "Protection"
    "Butterfly Caught"
    "Unfinished Sympathy"
    "Risingson"
    "Future Proof"
    "Five Man Army"
    "What Your Soul Sings"
    "Sly"
    "Live With Me"

    Disco 2:
    "False Flags"
    "Incantations"
    "Silent Spring"
    "Bullet Boy"
    "Black Melt"
    "Joy Luck Club"
    "Small Time Shoot Em Up"
    "I Against I"
    "I Want You"
    "Danny the Dog"

    DVD:
    "Daydreaming"
    "Unfinished Sympathy"
    "Safe From Harm"
    "Be Thankful for What You've Got"
    "Sly""Protection"
    "Karmacoma"
    "Risingson"
    "Teardrop"
    "Angel"
    "Inertia Creeps"
    "Special Cases"
    "Butterfly Caught"
    "Live With Me"
    "Live With Me" (version 2)
    "False Flags"

    sábado, fevereiro 25, 2006

    “Walk the line” (2006), James Mangold



    The man in black

    Numa altura em que as biopics estão definitivamente na moda (“Ray” e “Last Days”, do ano passado, são um bom exemplo disso enquanto já se prepara um filme sobre a vida de Ian Curtis, o mítico vocalista dos Joy Division), é a vez de Johnny Cash ter honras cinematográficas.

    “Walk the line” foca 30 anos da vida de Johnny Cash (Joaquin Phoenix), desde a sua infância marcada pela morte do irmão e pela rejeição contínua do pai, à sua ascensão musical. Pelo meio há espaço para a sua bonita história de amor com a também cantora June Carter (Reese Witherspoon) e para os excessos decadentes e comuns de uma estrela rock.

    Os grandes trunfos desta biopic são as fantásticas e carismáticas interpretações de Joaquin Phoenix e Reese Witherspoon (ambos nomeados para os Óscares de melhor actor e actriz). Desengane-se quem pensar que os dois fazem playback pois um dos cuidados do realizador foi fazer um filme credível e, para isso, era necessário serem os próprios actores a interpretar as músicas.

    “Walk the line” é um filme agradável e interessante pois dá-nos a conhecer um pouco mais da vida deste homem que aliou a música country ao rock&roll.

    * * *

    quarta-feira, fevereiro 22, 2006

    “Brokeback Mountain” (2006), Ang Lee



    Tell you what. The truth is... sometimes I miss you so much I can hardly stand it.

    O filme mais falado dos últimos tempos chegou recentemente às nossas salas de cinema e foi com uma altíssima expectativa (alimentada por todos os prémios recebidos e pelas excelentes críticas que tenho lido) que o fui ver.
    Apesar de ter gostado, não o achei nenhuma “obra-prima” nem um filme “essencial” como muitos proclamam.
    Talvez a polémica gerada em torno da nova obra de Ang Lee seja a grande responsável por toda a euforia que se tem manifestado um pouco por todo o mundo.

    Ennis del Mar (Heath Ledger) e Jack Twist (Jake Gyllenhaal) são dois cowboys que no Verão de 1963 vão trabalhar juntos para a isolada Brokeback Mountain como vigilantes de um rebanho.
    Inesperadamente (ou não) os dois apaixonam-se e iniciam uma relação proibida que vai ser, por alguns anos, reprimida uma vez que os dois jovens casam-se e constituem família.
    A renúncia ao amor vai levá-los a viver toda uma vida de sofrimento e angústias por não poderem assumir perante a sociedade conservadora os fortes laços que os unem.

    Uma história de amor desencantada, triste e silenciosa que tem apenas como testemunha a belíssima e agreste paisagem da montanha onde o romance dos dois homens se inicia e desenvolve. De facto, a Brokeback Mountain tem neste filme uma enorme importância pois é o único local onde Ennis e Jack podem assumir e viver em pleno o seu amor.
    O olhar sensível com que esta história de amor é tratada é, sem dúvida, tocante e melancolicamente triste.

    As comoventes interpretações de Jake Gyllenhaal e, especialmente, de Heath Ledger são o melhor do filme. Por um lado temos um Jack desafiador das convenções sociais, pronto a assumir o seu amor homossexual. Do outro lado encontramos Ennis, um homem de poucas palavras, marcado por uma educação machista e homofóbica, assombrado pelo peso do amor proibido que carrega.

    Como já referi anteriormente, “Brokeback Mountain” é um filme tocante e sincero que retrata de forma bastante triste um amor que além de silencioso, é proibido.
    Mas a certa altura começa a ser um pouco repetitivo, principalmente nos encontros secretos entre os dois. Também seria interessante Ang Lee ter apostado mais nas duas personagens femininas que interpretam as mulheres dos dois cowboys (Michelle Williams e Anne Hathaway).

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    segunda-feira, fevereiro 20, 2006

    Passado remoto



    Foto de Júlio Viana

    quinta-feira, fevereiro 16, 2006

    “Munich” (2006), Steven Spielberg



    We are supposed to be righteous! I lose that, that's my soul!

    Jogos Olímpicos de Munique, ano 1972. Um grupo terrorista palestiniano apelidado de “Setembro Negro” invade a cidade olímpica matando dois atletas israelitas e raptando outros nove.
    O novo filme de Steven Spielberg relata o que se passou depois do massacre, ou seja, a vingança de Israel.

    A primeira-ministra israelita Golda Meir (Lynn Choen) ordena a criação de um grupo de resposta à ofensiva palestiniana.
    Avner Kaufman (Eric Bana), um ex-segurança, é solicitado pelos serviços secretos israelitas para chefiar uma missão secreta que visa matar os onze responsáveis pelos ataques em Munique.

    “Munich”, muito mais que um thriller político, é um drama interior de um homem. Avner sente-se dividido entre o seu dever à pátria (que o leva a matar) e a simplicidade e pacatez da sua vida familiar com a mulher e a filha recém-nascida.
    A angústia deste homem vai crescendo à medida que a sua missão se infiltra mais na sua vida. E sabemos que essa angústia e ansiedade vão viver para sempre no seu interior.

    Em tons crus e frios, Steven Spielberg filma com mestria uma obra que não pretende encontrar culpados nem favoritos, mantendo sempre um tom imparcial.
    “Munich” é sim um interessante e violento estudo sobre os problemas interiores de um grupo de homens “normais” que, de um dia para o outro, têm que vestir a pele de assassinos. A responsabilidade das mortes que provocam começa a atormentar os espíritos destes homens.
    Destaque para o formidável leque de actores entre os quais encontramos Eric Bana (que interpreta magnificamente Avner), Geoffrey Rush, Daniel Craig (o futuro James Bond), Hanns Zischler entre outros.

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    terça-feira, fevereiro 14, 2006

    Novo single dos Yeah Yeah Yeahs



    O segundo álbum de originais dos Yeah Yeah Yeahs (uma das minhas bandas de eleição) tem edição marcada para dia 28 de Março. O novo single “Gold lion” marca um renovado e diferente registo da banda. Podem ouvir a música através do link:

    http://www.zshare.net/audio/yeah-yeah-yeahs-gold-lion-mp3.html

    domingo, fevereiro 12, 2006

    “Thumbsucker” (2006), Mike Mills



    Os inadaptados

    Inserindo-se naquele estilo que consideramos como cinema independente, “Thumbsucker” descreve-nos a vida de um adolescente de um qualquer subúrbio americano que tem como vício chupar no dedo. Mas este mau hábito é apenas um pretexto que nos conduz para a vida deste jovem inadaptado e para seus problemas existenciais.

    Realizador especialista na área dos videoclips musicais e a quem os Air homenagearam numa música do seu álbum “Talkie Walkie”, Mike Mills não teve grande imaginação neste filme.
    O argumento por si só, apesar de original e, de certa forma, excêntrico, nunca consegue atingir um patamar que ultrapassa a mediania. Ficamos com a sensação de que Mike Mills pretendia ir muito mais além com este “Thumbsucker” mas que sofreu de uma quebra de criatividade.
    No entanto, os seus ingredientes indie e a banda sonora recheada de Elliot Smith são pontos a favor nesta primeira longa-metragem do realizador.

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    quarta-feira, fevereiro 08, 2006

    Please don´t say you´re sorry...



    O deslumbrante segundo vídeo de Madonna, "Sorry", já está disponível:

  • aqui

  • (post de dia 8 de Fevereiro com o nome "Stream Sorry")

    sábado, fevereiro 04, 2006

    Senta-te



    Foto de Júlio Viana

    quarta-feira, fevereiro 01, 2006

    “Memoirs of a geisha” (2006), Rob Marshall



    Remember, Chiyo, geisha are not courtesans. And we are not wives. We sell our skills, not our bodies. We create another secret world, a place only of beauty. The very word "geisha" means artist and to be a geisha is to be judged as a moving work of art.

    Baseado no romance de Arthur Golden, “Memoirs of a geisha” retrata a vida de Chiyo, uma menina que aos nove anos foi vendida pela sua família de pescadores a uma casa de gueixas em Quioto.
    Anos mais tarde, esta mesma menina vem a tornar-se numa das mais célebres e reconhecidas gueixas do Japão dos anos 30, Sayuri (Ziyi Zhang).
    Num mundo repleto de rituais, segredos, invejas e tradições ancestrais, Sayuri pretende seguir os seus sentimentos, algo que era proibido a alguém da sua condição.

    Depois do muito sobrevalorizado “Chicago”, Rob Marshall regressa às grandes produções hollywoodescas para transpor para cinema o aclamado romance.
    Com uma fotografia, cenários, guarda-roupa e banda-sonora de excelência, “Memoirs of a geisha” é uma boa adaptação da obra de Arthur Golden, apesar de nunca a superar.
    O elenco oriental (chinês, e não japonês como seria de esperar…) nem sempre consegue ser convincente, uma vez que não utiliza a sua língua materna. Este é, na minha opinião, o ponto mais fraco do filme pois seria muito mais interessante e real vermos gueixas a falarem japonês em vez de inglês.
    Destaque para Ziyi Zhang e Gong Li (que desempenha o papel da perversa Hatsumomo, a rival de Sayuri).

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