sexta-feira, julho 28, 2006
quarta-feira, julho 19, 2006
“Les filles du botaniste/As filhas do botânico” (2006), Sijie Dai
Flores selvagens
Min (Mylène Jampanoi) é uma jovem órfã que é enviada como estagiária para casa de um famoso e rígido botânico.
Inesperadamente, entre Min e An (Xiao Ran Li), a filha do mestre, surge uma cumplicidade que acaba por se transformar numa paixão proibida.
Com a contemplação e serenidade típicas do cinema asiático, “As filhas do Botânico” é um verdadeiro deleite a nível visual pois a fotografia do filme é, sem dúvida, belíssima.
Retratando um tema tabu para a sociedade e época em que o filme decorre (China dos anos 80), esta história de amor entre duas jovens é uma prova de como existem filmes genuínos e delicados sobre o amor homossexual para além de “Brokeback Mountain”.
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Posted by Joana C. at 10:06 da tarde 6 janelas abertas
domingo, julho 16, 2006
“Happy endings” (2006), Don Roos
He thinks you're the American hero, making depressed women everywhere feel good.
Seguindo a mesma escola que “Magnolia” de Paul Thomas Anderson, “Happy endings” é constituído por um mosaico de três histórias e dez personagens que acabam por se interligar.
Mamie (Lisa Kudrow) teve na adolescência um filho do seu meio-irmão Charlie (Steve Coogan) e deu-o para adopção. Anos mais tarde, Mamie é chantageada por um pretendente a realizador que ambiciona fazer um documentário com o encontro entre Mamie e o filho.
Chalie, por sua vez, vive com Gil (David Sutcliffe) que doou o seu esperma a um casal de lésbicas suas amigas que acabam por ter um bebé. Apesar de negarem que o filho seja realmente de Gil, Charlie encontra semelhanças entre os dois e convence o namorado de que Max, o bebé, é dele.
Jude (Maggie Gyllenhaal) passa uma noite com Otis (Jason Ritter), um jovem homossexual não assumido. No entanto, quando conhece Frank (Tom Arnold), o pai deste, Jude decide envolver-se com ele uma vez que pretende tornar-se rica.
Com um vasto painel de personagens e tramas, “Happy endings” é um filme complexo que exige muita atenção por parte do espectador para uma compreensão eficaz.
Estas três histórias sobre o amor, desconfiança, família e ambição têm um travo cómico, ao mesmo tempo que em certas ocasiões conseguem ser também dramáticas.
O elenco é irrepreensível, onde se destacam MaggieGyllenhaal, Lisa Kudrow, Steve Coogan e Tom Arnold.
“Happy Endings” é constituído por três retratos de três vivências diferentes, que se por se confluem em acasos e coincidências, tal como na vida real.
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Posted by Joana C. at 9:53 da tarde 7 janelas abertas
quinta-feira, julho 13, 2006
terça-feira, julho 11, 2006
“Me and you and everyone we know” (2006), Miranda July
If you really love me, let's make a vow - right here, together... right now.
Miranda July, artista plástica e performer, estreia-se nas lides cinematográficas com “Me and you and everyone we know”, uma primeira obra verdadeiramente surpreendente pela subtileza e doçura com que é filmada.
Richard (John Hawkes), pai de dois filhos, é um divorciado que procura que aconteçam coisas extraordinárias na sua vida.
Christine (Miranda July) é uma taxista de idosos que nos tempos livres se dedica a criar projectos artísticos nos quais mistura a sua própria vida com a arte que produz.
Um dia Christine leva um cliente até à sapataria onde Richard trabalha e entre os dois surge logo uma empatia, apesar de Richard tentar evitar um pouco as investidas de Christine.
Com um subúrbio de uma qualquer cidade americana como cenário, “Me and you and everyone we know” tinha tudo para ser uma obra banal mas felizmente Miranda July conseguiu inverter por completo essa situação.
July filma os devaneios artísticos da sua personagem (claramente inspirada nela própria), a fragilidade emocional de Richard, as descobertas sexuais do filho mais velho e das colegas de escola, a ingenuidade comovente do filho mais novo quando se envolve num romance via internet e os sonhos da jovem vizinha que vai coleccionando peças para o seu enxoval, com uma delicadeza e sentido estético por vezes tocante.
“Me and you and everyone we know” é um filme para se ver com o espírito aberto e pronto para receber uma amálgama de sensações. Há beleza nas imagens, na música que acompanha o filme e nas próprias situações que se vão desenvolvendo.
Por vezes insólito, este filme não deve passar despercebido aos amantes do bom cinema independente.
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Posted by Joana C. at 10:53 da manhã 3 janelas abertas
quarta-feira, julho 05, 2006
“Collected” (2006), Massive Attack
Uma década a coleccionar grandes músicas
Os Massive Attack, em conjunto com os Portishead e Tricky, são um dos grandes nomes do trip-hop, género musical que surgiu em Bristol nos anos 90.
A importância da banda inglesa no panorama musical ficou marcada desde o primeiro álbum, “Blue Lines”, que data de 1991.
Neste disco e nas restantes obras dos Massive Attack, as sonoridades obscuras que se completam com as electrónicas, música soul e hip-hop, vieram marcar a diferença e completar um espaço da música que até aí não existia. Os Massive Attack, tal como outras bandas mais tarde, deram voz a um estilo alternativo permeado por colaborações com vários artistas de diversas áreas, nomeadamente do reggae, pop e soul (Elizabeth Fraser, Horace Andy, Sinead O´Connor, Tricky e, mais recentemente, Terry Callier são apenas alguns dos músicos que já colaboraram ou ainda colaboram com os Massive Attack).
Com um repertório de músicas do mais alto calibre, foi com certeza difícil para a banda escolher apenas alguns temas para inserir neste primeiro best-of, composto por dois discos áudio e um DVD com todos os videoclips.
No primeiro disco de “Collected”, podemos encontrar os grandes êxitos dos Massive Attack, como “Teardrop”, “Protection”, “Unfinished sympathy”, “Karmacoma” e o mais recente e assombroso single “Live with me”.
O segundo disco é composto por alguns b-sides e raridades da banda, como a colaboração com Madonna em “I want you”, a novidade “False flags” ou o ingresso menos feliz pelos terrenos das bandas sonoras, com o tema “Danny the dog”, inserido no filme com o mesmo nome.
O DVD contém a videografia completa da banda, na qual se inserem os fabulosos “Protection”, realizado por Michel Gondry (“Eternal Sunshine of a Spotless Mind”), “Karmacoma”, realizado por Jonathan Glazer (“Birth”) e “Angel” de Walter Stern.
“Collected” é uma obra essencial para qualquer apreciador de música. Ao longo dos dois discos e do DVD, percorrem-se os cinco álbuns de uma das bandas mais criativas e originais dos nossos tempos. Os Massive Attack são, sem dúvida alguma, um dos grandes nomes da música moderna. Agora é esperar ansiosamente por este Sábado para comprovar ao vivo o valor desta colectânea.
10/10
Posted by Joana C. at 10:45 da tarde 10 janelas abertas
segunda-feira, julho 03, 2006
“Samaria/Samaritana” (2004), Kim-Kid-Duk
Cheia de graça
O ano passado estreou discretamente nas nossas salas uma das mais belas histórias de amor a que assisti nos últimos anos: "Ferro 3/Bin-jip". Este foi o primeiro filme que vi do cineasta sul coreano Kim-Kid-Duk e posso dizer que fiquei fã da sua forma contemplativa e serena de filmar.
Chega agora até nós “Samaria”, filme que data de 2004 e que ganhou o Prémio de Melhor Realização no Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Jae-Young (Yeo-reum Han) é uma adolescente que se prostitui com o fim de arranjar dinheiro para ela e a sua melhor amiga viajarem até à Europa. A amiga, Yeo-Jin (Ji-min Kwak), marca os encontros com os clientes e alerta a sua amiga quando esta corre perigo de ser descoberta.
Mas um dia Yeo-Jin distrai-se e Jae-Young é surpreendida pela polícia quando está com um cliente. Apavorada, a jovem atira-se da janela e acaba por morrer no hospital.
Sentindo-se culpada pela morte da melhor amiga, Yeo-jin decide encontrar todos os clientes com quem Jae-Young teve relações e devolve-lhes o dinheiro que ambas tinham conseguido juntar.
“Samaria” é um filme sobre redenção e catarse. Yeo-jin, pretende penitenciar-se da morte da amiga e assim vai percorrer o mesmo caminho que ela. Ao dormir com todos os homens que foram clientes de Jae-Young e ao restituir-lhes o dinheiro, a adolescente sente que, de certa forma, está a redimir-se e a livrar-se da imensa culpa que a assola.
Também surge a figura do pai de Jae-Young que acaba por descobrir que a filha se prostitui. Sem nunca a encarar com o facto de saber o que ela faz, o pai segue os seus clientes e procura vingar-se pelas próprias mãos.
“Samaria” é um belíssimo filme que, tal como “Ferro 3/Bin-Jip”, é engrandecido pela força ascética das imagens.
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Posted by Joana C. at 10:06 da tarde 10 janelas abertas