sábado, setembro 30, 2006

“Impeach my bush” (2006), Peaches



Peaches, a libertina

A irreverente Peaches está de volta para mais um disco choque. Depois da estreia “Teaches of Peaches”, na qual ficámos a conhecer uma mulher sem papas na língua, seguiu-se “Fatherfucker”, igualmente explícito nas suas referências sexuais.

“Impeach my bush” é um álbum um pouco mais adulto e profissional, características que se notam nas sonoridades mais talhadas mas igualmente arrojadas.
A aposta mais rock e punk deste álbum é uma das principais diferenças em relação aos dois trabalhos anteriores onde eram as electrónicas que predominavam.

Contudo, “Impeach my bush” continua a apresentar-nos uma Peaches provocadora, extravagante e sexualmente irreverente, tanto na postura como nas letras das músicas.
A ouvir com atenção: “Tent in your pants”, “Boys wanna be her”, “Downtown”, “Get it” e “Rock the Shocker".



8/10

domingo, setembro 24, 2006

"The Pillowman", Teatro Maria Matos



A arte da escrita

Até que ponto tem um artista controle sobre a sua obra? Pode ele ser responsabilizado se alguém fizer mau uso da sua criação? Até onde vão os limites da arte?
Estas são apenas algumas questões levantadas na soberba peça que está agora em cena no Teatro Maria Matos em Lisboa.
“The Pillowman”, de Martin McDonagh e com encenação de Tiago Guedes (“Coisa Ruim”), é uma peça indispensável e com um excelente elenco composto por Gonçalo Waddington, Marco D´Almeida, João Pedro Vaz e Albano Jerónimo.
As interpretações, o texto mordaz, o efeito de luzes e os cenários são as componentes essenciais que fazem desta peça um excelente espectáculo.
Para ver até 15 de Outubro.

sábado, setembro 23, 2006

“Paradise now!” (2006), Hany Abu-Hassad



O Paraíso aqui tão perto

Said (Kais Nashef) e Khaled (Ali Suliman) são dois jovens palestinianos que são indicados para cometerem um atentado em Israel.
“Paradise Now!” é um filme que retrata as últimas horas destes dois bombistas suicidas, desde as suas despedidas com a família (que desconhecem a que destino fatal Said e Khaled se vão entregar), até aos rituais iniciáticos e preparatórios do acto “heróico” que estão prestes a cometer.

Este filme pretende mostrar um lado que nós desconhecemos: o lado mais humano e real destas pessoas que, levadas pelo seu fundamentalismo religioso, são capazes de tudo para mudarem um pouco o estado das coisas.
O confronto Palestina/Israel está bem vincado neste filme onde se evidenciam perfeitamente as diferenças abismais em termos sociais e económicos entre Nablus e Telavive.

Onde “Paradise Now!” se torna um grande filme, é precisamente onde muitos outros falham: não é preciso mostrar imagens gráficas de terror para sabermos o que se está a passar. Claro que falo na cena final do filme, cena essa silenciosa e uma das melhores que tenho visto ultimamente por toda a força e significado que lhe estão inerentes.

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terça-feira, setembro 19, 2006

“We are the Pipettes” (2006), The Pipettes



Pop às bolinhas

Três raparigas inglesas. Música divertida e coreografias kitsh. E bolinhas, muitos vestidos às bolinhas. Com estas palavras podemos definir as Pipettes, banda inglesa que editou este Verão um dos álbuns mais açucarados e alegres do ano.

“We are the Pipettes” é uma autêntica homenagem aos anos sessenta. Gwenno, Rose e Becki, o novo trio maravilha da pop britânica, não só souberam escolher os vestidos ideais inspirados no glamour dos anos sessenta, onde as bolinhas e as cinturas bem demarcadas predominam, como também foram beber as sonoridades dessa época.
Ao ouvirmos este álbum, a energia das raparigas é contagiante, assim como os ritmos plenos de palminhas e refrões orelhudos.

É impossível ficarmos indiferentes às músicas sumarentas com letras tão divertidas. “We are the Pipettes”, faixa de abertura do álbum homónimo, é como que um hino onde as três inglesas se afirmam como as raparigas mais giras que por aí andam. “Pull Shapes”, a música que se segue, é também uma das melhores amostras do divertimento do trio. “Dirty Mind”,“Your kisses are wasted on me” e “Tell me what you want” são outros excelentes temas que compõem este primeiro álbum tão original.

Pode ser que esta seja uma daquelas bandas de um só álbum mas também pode ser que a onda anos sessenta (com os vestidos às bolinhas incluídos) ainda esteja na moda para o ano.

8/10

sexta-feira, setembro 15, 2006

“Volver” (2006), Pedro Almodóvar



Voltar a casa

Almodóvar, cineasta (re)conhecido por transpor para os seus filmes o complicado universo das mulheres, volta a esta sua preferência após o seu último filme ("La Mala Educación") ser uma evocação do seu próprio passado e das suas vivências num mundo de homens.

Em "Volver" seguimos os passos de três gerações de mulheres fortes e determinadas mas com os medos e superstições a que o sexo feminino está mais susceptível.
Neste filme em que Almodóvar escolheu a sua terra natal como cenário (a ventosa La Mancha), Irene (Carmen Maura), que todos julgavam morta num incêndio juntamente com o seu marido, aparece às suas filhas para resolver alguns problemas pendentes.

Apesar da premissa espiritual e sobrenatural, "Volver" é um filme bastante realista sobre mulheres endurecidas pela vida e pelos homens, o eterno mal nos filmes de Almodóvar.
O desempenho das actrizes, premiadas no Festival de Cannes deste ano, é excepcional, com principal destaque para Penélope Cruz. A sua interpretação como Raimunda, sem dúvida a mais sofrida e forte destas mulheres, é admirável e mostra-nos o talento de uma actriz que até agora não se tinha revelado com a mesma paixão pela arte do cinema.

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domingo, setembro 10, 2006

Cena Clássica #3



Nightmare before Christmas (1993), Henry Selick/Tim Burton